quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Agricultura orgânica ganha espaço em perímetro irrigado
A cada dia que passa as pessoas estão procurando consumir alimentos que melhorem seu modo de vida e bem estar. Com isso, muitos produtores estão abandonando as antigas formas de cultivo, esquecendo um pouco do lucro e visando novas formas de produção, que mesmo sendo demoradas, resultam em alimentos mais saudáveis.
Essa filosofia já está sendo adotada pelos agricultores do Perímetro Irrigado Jacarecica 2, localizado nas cidades de Malhador e Riachuelo. O perímetro é administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura. Os produtores, que antes trabalhavam com produções à base de agrotóxicos, hoje estão plantando vários cultivos de forma natural, sem fertilizantes químicos ou qualquer tipo de veneno.
Segundo Nivaldo de Freitas Souza, que trabalha com o sogro no perímetro há dois anos, as hortaliças produzidas nestas condições crescem em um solo cheio de vida. ?O veneno usado na hora de plantar faz mal para o alimento e para a terra. Já trabalhei em outros lugares aqui na cidade mexendo com veneno e sei como é.?, diz o agricultor.
O produtor destaca que com a nova forma de plantio, as substâncias tóxicas foram substituídas por leguminosas, estercos de animais, resíduos orgânicos e minerais naturais. Com essa mudança, além de obter vegetais com um alto valor nutritivo e em proporções equilibradas pela natureza, o produtor ainda consegue oferecer um sortimento satisfatório e de boa qualidade para o consumidor.
"Hoje em dia tenho muitas variedades aqui. Planto couve, alface, coentro, mamão, macaxeira, cheiro verde, berinjela, jiló, cebolinha, pepino e pimentão. Tudo com qualidade, sem química e que faz bem para o produtor porque não há contaminação com os fertilizantes, para o consumidor que compra um produto de qualidade e para a terra que não é agredida com ingredientes tóxicos", acrescenta.
Nivaldo coloca ainda que o segredo para que não faltem cultivos na hora da colheita é saber plantar em parcelas. "A plantação tem que ser feita desse jeito porque os alimentos que não possuem qualquer tipo de química demoram um pouco mais para crescer. Eu planto de cinco em cinco carreiras para que toda semana eu tenha o que colher", ensina.
Iniciativa
A cultura orgânica surgiu no perímetro em paralelo à criação da Associação dos Pequenos e Médios Empreendedores Rurais de Malhador, fundada em 2000, através da iniciativa de alguns agricultores. O objetivo da entidade foi buscar a organização dos pequenos produtores para que conseguissem, de forma legal, a doação de lotes de terra no perímetro e para investir em culturas de mercado como a orgânica.
"Naquela época, fizemos um curso inicial através do Sebrae e depois de seis meses começamos a procurar o lote aqui", relembra o agricultor Dernival Lima de Oliveira, que é associado e já foi tesoureiro da associação. Ele conta que mesmo a entidade sendo legalizada, foi necessário muito esforço e força de vontade por parte dos associados que lutaram durante dois anos até conseguir os 60 hectares de terra dentro do perímetro.
Ajuda
Além de doar o lote, o governo disponibilizou toda a assistência técnica necessária para o plantio, que chegou através da Cohidro. Atualmente, a companhia está fornecendo material para a construção da estufa onde serão plantadas as mudas orgânicas e presta assistência técnica aos produtores.
De acordo com o chefe do Perímetro Irrigado, Erotildes José, a empresa forneceu o material, enquanto a construção está sendo feita pelos produtores dos lotes e pelos agricultores de Lagarto, que se disponibilizaram em ajudar, uma vez que já trabalham com a produção há mais tempo. "A Cohidro cedeu o material e eles mesmos estão construindo a estufa, ambiente ideal para a produção das mudas. Com isso, os produtores querem estimular outros produtores a participarem da associação", frisa.
Erotildes destaca ainda que o Governo do Estado já está providenciando o selo de garantia pelo Instituto Biodinâmico para que as colheitas orgânicas sejam certificadas. "Algumas associações que trabalham com essa produção no Estado já possuem o selo de garantia, como a Aspoagre. Assim os produtores poderão vender seus produtos em feiras ou em qualquer outro lugar sem medo", ressalta.
Hoje, a associação possui 14 associados que moram nos lotes e trabalham com a produção de orgânicos. Tudo o que é produzido pelos agricultores é vendido através da compra direta e repassado para instituições, escolas e hospitais. "O convênio com a CONAB garante o preço de mercado para os agricultores", esclarece Erotildes.
Por Queliane Pereira
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