quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Agricultura orgânica para produzir mais e melhor.




A Avaliação Internacional do Conhecimento, da Ciência e da Tecnologia no Desenvolvimento Agrícola concluiu, em abril deste ano, que “a maneira como o mundo cultiva seus alimentos terá de mudar radicalmente”. Para quê? “Para servir melhor aos pobres famintos, para enfrentar os problemas da crescente população e da mudança climática e, ainda, para evitar a decomposição social e o colapso ambiental”, dizia esse estudo baseado no conhecimento de aproximadamente 400 cientistas e outros especialistas. A agricultura orgânica é uma das opções mais promissoras para enfrentar estes desafios.

O potencial para vender bens a consumidores que estão dispostos a pagar mais por uma produção orgânica certificada em muitos países desenvolvidos gera significativas possibilidades de boa renda para os agricultores do mundo em desenvolvimento. Os mercados para tais produtos cresceram em ritmo superior a 15% ao ano nas duas últimas décadas. Estima-se que, em 2006, as vendas de produtos orgânicos certificados somaram mais de 30 bilhões de euros (US$ 38 bilhões, em valores de hoje), o que representou alta de 20% em relação a 2005. E espera-se que cheguem a 52 bilhões de euros (US$ 65 bilhões) até 2012.

Em conseqüência, a agricultura orgânica se mantém viva e fortalece a rica herança dos conhecimentos agrícolas tradicionais e a variedade dos alimentos. Como sistema de produção sustentável e amigável com o meio ambiente, a agricultura orgânica se baseia no uso do agrossistema e dos recursos locais, em lugar de depender de investimentos externos. Assim os agricultores se vêem menos afetados pelos custos crescentes dos fertilizantes e agroquímicos. Enquanto os preços dos agroquímicos sobem devido ao encarecimento do petróleo, esta agricultura, que usa agroquímicos não sintéticos, se torna cada vez mais competitiva. Por outro lado, ao confiar em recursos locais, as comunidades rurais se tornam menos vulneráveis à volatilidade externa causada por fatores que vão além de seu controle.

Por todas estas razões, a agricultura orgânica é uma ferramenta poderosa para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, particularmente os referentes à redução da pobreza e ao meio ambiente. No momento é apenas um nicho de mercado, pois usa cerca de 2% das terras agrícolas do planeta. Mas, seu potencial ainda não foi totalmente explorado. Também há desafios para que os países em desenvolvimento aproveitem estas oportunidades, particularmente na construção de capacidades produtivas, acesso aos mercados e obstáculos à importação.




Por Tais Chaves

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